O viés implícito é um termo que está sendo cada vez mais utilizado e pode ser definido como os preconceitos e estereótipos que inconscientemente temos em relação aos outros. É algo que pode ir contra nossas crenças conscientes e se infiltrar em todos os níveis da sociedade, resultando em disparidades e políticas e procedimentos injustos. Esse viés pode ser observado em diferentes aspectos da vida cotidiana, desde o racismo institucional e estrutural que leva a lacunas chocantes na área da saúde, moradia e educação, até microagressões desagradáveis, como ser elogiado com ressalvas, como "Você é bonita... para uma mulher negra".
Todos nós temos algum grau de viés implícito, e isso não é culpa nossa. Desde o nascimento, somos expostos a informações sobre outras pessoas, observando interações, ouvindo comentários de adultos, assistindo televisão e lendo livros. Se vivemos em um ambiente em que somos bombardeados com imagens estereotipadas na mídia, expostos com frequência a piadas étnicas e raramente informados sobre as conquistas de grupos marginalizados, é provável que desenvolvamos categorizações negativas desses grupos, que formam a base do preconceito ou viés.
Embora esses estereótipos inconscientes sejam inevitáveis, eles não são impossíveis de serem combatidos. O primeiro passo é ser capaz de identificar exemplos de viés implícito na vida cotidiana e, em seguida, estar ciente de seus próprios preconceitos. Um pouco de autoconsciência pode ajudar muito a se tornar antirracista e aprender a combater o racismo de maneiras pequenas e grandes.
O que é o Teste de Associação Implícita?
O Teste de Associação Implícita (IAT, na sigla em inglês) é uma ferramenta que pode ser usada para medir o viés implícito. Foi criado em 1998 pelo psicólogo Anthony Greenwald e pode ser aplicado em diferentes áreas, como raça, idade, gênero e sexualidade. O teste consiste em uma série de perguntas rápidas, eliminando grande parte da consciência usada em perguntas de pesquisa tradicionais.
Ao medir o tempo de resposta do participante, os pesquisadores podem identificar os padrões de associação que estão sendo feitos. Por exemplo, a maioria das pessoas que faz o teste IAT é mais rápida em associar imagens brancas a palavras agradáveis do que associar imagens negras a palavras agradáveis. Esse padrão é descrito como uma preferência automática pela raça branca em relação à raça negra. No entanto, é importante ressaltar que ter uma preferência automática pela raça branca não significa automaticamente que a pessoa odeia pessoas negras. Os resultados do teste preveem comportamentos discriminatórios, mesmo entre participantes que expressam publicamente crenças igualitárias.
Como o viés implícito difere do racismo?
O viés implícito e o racismo estão relacionados, mas não são a mesma coisa. O viés implícito contribui para o problema do racismo, mas o racismo é maior do que apenas o viés implícito. O preconceito racial se refere às crenças e atitudes de um indivíduo, enquanto o racismo é um sistema que envolve mensagens culturais, políticas e práticas institucionais, bem como as crenças e ações individuais. Em resumo, o racismo é um sistema de vantagens baseado em raça, que pode ser operado e perpetuado mesmo por indivíduos que não têm atitudes negativas em relação às pessoas de cor.
Quando alguém age com "preferência automática pela raça branca", mesmo que não tenha atitudes negativas conscientes em relação às pessoas de cor, está reforçando o sistema que já privilegia as pessoas brancas em relação às pessoas de cor.
Como reduzir o viés implícito?
Embora todos nós tenhamos algum grau de viés implícito, ainda é possível ser mais aberto e se tornar um verdadeiro aliado. A autoconsciência em relação ao próprio viés e a determinação de mudar de rumo são um bom começo. Por exemplo, os gerentes de contratação podem "cegar" a si mesmos, removendo nomes de currículos para eliminar noções preconcebidas sobre a raça de um candidato. Além disso, é possível criar um sistema de responsabilidade, envolvendo colegas para ajudar a identificar disparidades de gênero e raça. A avaliação de uma pessoa deve ser baseada apenas em critérios relevantes para a decisão, sem ser influenciada por fatores demográficos.
Além disso, há evidências que sugerem que a exposição repetida a imagens e ideias que contradizem estereótipos pode ser benéfica. Investir na próxima geração também é importante, pois quebrar o pensamento enviesado é difícil. Limitar a exposição das crianças ao "smog" do estereótipo racial e de outros tipos é uma maneira de começar a combater o viés implícito desde cedo.
Conclusão
O viés implícito é um fenômeno que afeta a todos nós, mas podemos tomar medidas para combatê-lo. A autoconsciência e a determinação de mudar são fundamentais para se tornar um aliado verdadeiro e combater o racismo em pequenas e grandes ações. O Teste de Associação Implícita é uma ferramenta útil para medir o viés implícito e identificar áreas em que podemos melhorar. Ao adotar práticas que eliminem o viés implícito, podemos trabalhar juntos para criar uma sociedade mais justa e igualitária.